sexta-feira, 18 de abril de 2014

"A gente morre de medo de dizer que ama alguém,

porque EU TE AMO é algo muito forte, ultrapassado, pode assustar a outra pessoa ou, no caso dela não pensar o mesmo, pode te expor ao ridículo e isso dá uma vergonha tremenda

A gente morre de medo de mudar as escolhas, relacionamentos, profissão, lugar, ou porque teme o futuro, ou porque teme perder o tempo que gastou, o dinheiro, e até mesmo por simples preguiça de ter que passar tudo de novo

Depois a gente se arrepende

Se arrepende porque não disse, porque não fez, e se conformou. Porque perdeu algo ou alguém sem ao menos tentar, e isso dói ainda mais depois

O EU TE AMO se gastou demais nas almofadas e ursinhos, em chaveiros e adesivos, e as MUDANÇAS se esgotaram nos anúncios e caminhões de carreto, “Fazemos Mudança”, “Faz-se Mudanças”, e nunca “FAÇA MUDANÇA!”

Por isso, daqui pra frente vou fazer minha parte, sem se importar com o que vão pensar ou dizer de mim, e vou carregar o EU TE AMO estampado nos olhos, nos lábios, mas não gritado da boca pra fora como propaganda, quero ele sutil, falado baixinho, quase mudo.

Porque a força dessa frase não está no som que ela emite, e sim na possibilidade de ler os lábios da pessoa amada em câmera lenta, ato que exige uma paciência rara e nos iguala a aqueles que nasceram sem o privilégio de ouvir. Apenas seres especiais são dotados dessa sensibilidade, seres que se permitem deixar de ouvir o mundo para ver o que os lábios do outro tem a dizer."

Renan Inquérito

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